segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Memórias

CASA DO JARDIM UNIVERSAL

Ruas de terra
A poeira levantando
Com os pisados e a correria
Dos meninos que brincam de jogar pedras aos ares
Cemitério de automóveis
Onde as carcassas dos carros serviam de casas
Esconderijos e promessas para sonhos do futuro
Na cozinha a tia amassa o pão e faz o café
Estou brincando no barracão
Em meio aos papelões e livros velhos
Um universo rico em fantasias para uma criança simples e inocente
Os primos soltam pipa, jogam bola
As primas preparam bolinhos de barro
O sol arde em nossos corpos
Mas não estamos cansados
A tia grita ao menino que a não deixa concentrar-se em seus afazeres
Os cômodos sempre ocupados, somos muitos
O tio trabalha lá fora
Aguardo ansioso o momento em que a tia servirá o café e o pão fresquinho
Brinco com histórias e personagens imaginados
Meus primeiros ensaios para o que mais tarde compreenderei como teatro
A casa do JARDIM UNIVERSAL
Permanece viva em minha memória
Retrato vivo de minhas lembranças
A tia, o primo, o “ferro-velho”, o cachorro
A goiabeira, a bicicleta, as brincadeiras
O sol que não se apaga,a lua e estrelas que não perdem o brilho
E a espera da mãe aos finais de semana
Ainda sinto no peito a infância
A criança sonhando poder crescer um dia
Tomar parte do mundo
O que esta criança ainda não sabe:
Que este espaço é tão seu e não deixará jamais de ser sempre sua companhia
Nas lágrimas e angústias dos homens grandes.

Á MINHA “TIA ZETE”

Nenhum comentário: